quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Pira do Ipiranga


Na Pira do Ipiranga
O Fogo da Cidade ardia
Ardia na pedra da pira
e refletia:

Sobre o céu cinzento

A nuvens caminham espessas
Os transeuntes aos milhares.
Alguns passeiam,
Outros correm desesperados
Da escravidão do dever.
Fora aqueles, estes
permanecem quase mortos,
Da inanição do abandono.
Enquanto o Fogo arde na Pira de Pedra
Enquanto a imensa cidade se contaminava de pedra.

Subiam sob os ramos da Razão contaminada

Um material duro e seco
Amparado em vigas
Erguiam as paredes da cidadela morta
E a peste que nascia
Dos muros enormes
Penetrava os corações menores
Petrificados pela solidão,
Guarneciam a vida
[Em inacabáveis quadrículos
De formato indefensável],
Do ar.

Sob a batalha que seguia

Na ordem do dia
Segundo se via na memória
Gravada na Pira
E os olhos de Deus fitando
Os pobres transeuntes, de cima
Lançavam uma onda de luz e calor
E como era de sempre se esperar
O céu chorava
A chuva caia.

E o Fogo da Pira que Ardia apagava suave

E agora  todos voltam pra casa,
O Sol, os homens, o dia.